Todos nós já sentimos ciúme em algum momento das nossas vidas. Ter ciúme é normal? Diz do nosso amor? Vamos conhecer um pouquinho da explicação da psicanálise sobre o que acontece em nosso inconsciente quando estamos com ciúme?
Freud (1856 -1939), conhecido como o “pai da psicanálise” fala, em seu texto Sobre Alguns Mecanismos Neuróticos no Ciúme, na Paranóia e na Homessexualidade (1922) sobre os tipos de ciúme:
Ciúme Normal, Ciúme Projetado e Ciúme Delirante.
Mas não é só isso! Você sabia que nosso inconsciente utiliza mecanismos de defesa para nos proteger da angústia trazida pelo ciúme? Pois é… Esses Mecanismos de Defesa do Ego estão lá, quietinhos, esperando o momento certo de serem acionados e te poupar da angústia e frustração que você passa em muitos momentos de sua vida.
Está se perguntando: “o que se passa em minha mente quando eu sinto aquele ciúme exagerado?”
Freud explica
De forma bastante resumida, eu vou te contar como Freud definiu o ciúme em seu texto.
Ciúme normal
“Se constitui essencialmente do luto, da dor pelo objeto amoroso que se acredita haver perdido e da injúria narcísica; também de sentimentos hostis pelo rival favorecido”. (Freud-1922)
Vamos ao exemplo de ciúme normal, que seria a dor sentida pela mulher por ter perdido seu amado.
Ciúme projetado
“Este deriva da própria infidelidade realmente praticada ou de impulsos a infidelidade que cederam à repressão. A experiência cotidiana mostra que a fidelidade, sobretudo aquela exigida no casamento, é mantida em face de contínuas tentações. Quem as nega em si próprio, contudo, sente sua pressão de forma tão intensa que faz uso de um mecanismo inconsciente para se aliviar. Obtém esse alívio, essa absolvição perante sua consciência, quando projeta seus próprios impulsos à infidelidade no parceiro ao qual deve fidelidade”. (Freud-1922)
Vamos ao exemplo do ciúme projetado, que seria o homem com uma vontade enorme de trair e joga (projeta) essa vontade na esposa, dizendo que ela está com vontade de sair com outros homens.
Desse modo ele se sente menos culpado de estar tendo esse tipo de pensamento. No momento em que ele projeta nela, ele fica isento do sentimento de culpa.
Ciúme delirante
“Também provém de reprimidas inclinações à infidelidade, mas os objetos dessas fantasias são do mesmo sexo do indivíduo.” (Freud-1922)
Ou seja, essas fantasias são homossexuais.
O exemplo de ciúme delirante é do homem que acusa a esposa de estar interessada no vizinho quando na verdade é ele mesmo que está.
A interpretação de Freud sobre o Ciúme
Felizmente o inconsciente tem como abrandar a dor sentida pelos ciumentos quando a avalanche de sentimentos vem à tona, sem que nem nos demos conta disso.
São os Mecanismos de Defesa do Ego: reações automáticas do organismo que fazem o ciumento ficar menos angustiado diante de um acontecimento que geralmente causaria um desconforto maior.
Nosso ego cria mecanismos de defesa para nos proteger da dor que foi causada, quando temos conteúdos mentais que geram muita angústia. Esses conteúdos são excluídos da consciência, reprimidos, e perdem, momentaneamente, a energia.
Simplificando: após uma cena desagradável, ou um acontecimento doloroso, nosso inconsciente se encarrega de “esquecer” aquilo que foi presenciado ou sentido, para não gerar sentimentos de ansiedade em você.
A questão desse “esquecimento” é que ele só foi posto de lado, mas continua lá, podendo reaparecer como um sintoma, uma doença. Tudo isso porque aquele sentimento ligado ao fato (que em psicanálise nomeamos de Afeto) está lá, é pura energia e tem que ser canalizado de alguma forma, em algum momento.
O ciúme é um sentimento normal do ser humano desde que não cause transtornos à vida cotidiana, que seja temporário e moderado. Se passa do limite do aceitável, torna-se um problema, cujas causas precisam ser investigadas, para que você alcance um relacionamento saudável emocionalmente, feliz e equilibrado.
Por vezes, o ciúme surge devido a um parceiro inadequado, mas se este não for o caso, então o ciúme está em você: por baixa autoestima, por falta de confiança em si mesmo, por medo, por culpa… por uma infinidade de “causas”. E essas causas na verdade são sintomas. Sintomas de algo que os desencadeou e que merecem a sua atenção e cuidados de um profissional, porque você não tem que dar conta de tudo sozinho!
Não desanime! Busque ajuda!
Formada em Gestão de Recursos Humanos e em Psicologia, especialista em Saúde Mental, atua atendendo adultos na abordagem psicanalítica. Realiza atendimentos on-line e presencial.
No Espaço Camila Ferreira vem atendendo nas duas unidades (Atibaia e Bragança Paulista).