O impacto da Diabetes Mellitus na criança /adolescente nos pais e nos familiares

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Diabetes Mellitus é uma doença que tem a característica o aumento dos índices glicêmicos, com a elevação da glicose, a hiperglicemia e episódios de baixa de glicose no sangue, a hipoglicemia. Ocorre por haver a falta de insulina ou uma falha na ação desta, como reguladora de acúmulo de glicose no sangue (SBEM, 2021).

Classificada em diabetes tipo 1, que ocorre na infância, na adolescência e no adulto jovem e tem como sintomas mais comuns: sede, diurese e fome excessiva, com emagrecimento rápido, cansaço e fraqueza. O tratamento é com o controle glicêmico e o uso de insulina. A diabetes tipo 2, ocorre em adultos e com o sintoma de ganho de peso, que leva muitas vezes, a obesidade, sede, aumento da diurese, dores nas pernas alterações visuais e pode levar muito tempo até ter seu diagnóstico (SBEM, 2021). Vamos focar na diabetes tipo 1, pela incidência maior em crianças, adolescentes e jovens adultos.

A criança e o adolescente com o diagnóstico de Diabetes Mellitus sofrem mudanças intensas em sua rotina. De repente, muda toda sua vida, vive sintomas desconhecidos e uso de aparelhos, para o controle de índice glicêmico e aplicação de insulina. Eles passam a sentir diferentes e tornam-se paciente de doença crônica (Malerbi e Rodrigues, ,2021a)

Mas o que afeta a Diabetes Mellitus no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes?

Segundo as autoras Malerbi e Rodrigues (2021b) apresentam o impacto da doença no desenvolvimento físico, emocional e social da criança e do adolescente. Todos os fatores interferem na idade de diagnóstico da doença e sua maturidade em compreender seu tratamento.

As crianças pequenas de 2 aos 5 anos, estão em desenvolvimento da capacidade de andar, falar, assumir seus gostos, lidar com regras sociais e familiares, e a inserção na escola (Vigotsky1998, 1998; Papalia e Feldaman,2013; Cruz, Santos e Araújo, 2020).

O que pode afetar o diagnóstico?

Pode afetar a velocidade de crescimento, caso a diabetes esteja descontrolada, sendo necessário, a atuação e a vigilância dos pais, no controle glicêmico e na ingestão de alimentos (Malerbi e Rodrigues, 2021b).

Como pais lidam com diagnóstico do seu filho pequenos? 

Primeiramente levam um susto, sente-se culpados e buscam compreender como cuidar de seu filho, ao mesmo tempo em que, tendem a controlar a vida deles, por medo de perder e por luto da perda do filho idealizado.

Nessa idade, é necessário o controle de rotina de uso de insulina e aferir os índices, a criança busca reconhecer os sintomas e informar aos pais. Pode haver escapes de urina na cama, por episódios de hiperglicemia, cabe aos pais não brigarem e acolherem a criança, para amenizar a culpa e o constrangimento (Malerbi e Rodrigues, 2021a/b).

A criança e o pré-adolescente, dos 6 aos 12 anos, valorizam as relações sociais e as relações de amizades. Nessa fase, o portador de Diabetes Mellitus pode ter dificuldade em lidar com a socialização, devido às restrições alimentares e as barreiras no ajustamento das atividades sociais. A atividade física/esporte para o diabético melhora a qualidade de vida e contribui na adaptação social, porém é importante o acompanhamento e a orientação do médico endocrinologista e da nutricionista. 

Nessa idade, eles podem apresentar medo do julgamento do outro e desejar fazer parte de um grupo, para a formação da identidade social. (Malerbi e Rodrigues, 2021b; Vigotsky, 1998; Assumpção e Kuczynski,1998). A Diabetes Mellitus pode trazer dificuldade neste aspecto, pois muitas vezes, o medo da exposição pode afetar a administração de insulina, por vergonha e receio de ser excluído, além de, questionar o porquê ter a doença e apresentar a necessidade de controle, com a tendência de tornarem pessoas controladoras, ansiosas e reativas.

É importante que, a escola, saiba e seja orientada sobre o tratamento de Diabetes Mellitus para contribuir na adesão da criança e do adolescente. Os pais serem compreensivos e atentos as mudanças comportamentais e emocionais, como manifestação de raiva, choros e tristeza, além de sintomas da doença (Sprovieri, 1998).

O adolescente dos 13 aos 19 anos sofre transformações em seu corpo, que deixa de ser infantil e altera para as características do adulto. Também há mudanças no gosto de roupa, lazer, sexualidade e relações afetivas, além do, aumento das atividades nas relações sociais (Vigotsky1998, 1998; Papalia e Feldaman,2013; Cruz, Santos e Araújo, 2020). Apresentam questionamentos e contestações sobre as regras sociais, da família, da escola e da sociedade. Nessa fase, o adolescente diabético, pode sofrer alterações de uso de insulina e aumento de crises glicêmicas, que gera sentimento de raiva, reações de estresse, impotência diante a doença, apreensão, desesperança e questionamento sobre uso de insulina (Antunes, 2021, Vargas et al,2020).

Torna-se necessário para o diabético ter autonomia no tratamento, saber sobre os riscos e os danos gerados pela falta de adesão, ter recursos emocionais para lidar com estresse e vulnerabilidade emocional (Malerbi e Rodrigues, 2021a/b; Vygotsky, 1998; Assumpção e Kuczynski,1998).

O adolescente e o adulto jovem tendenciam a vivenciar novas experiências, uma delas o consumo da bebida alcoólica, que para o diabético pode ter reações adversas, que merecem atenção, como alterações glicêmicas, a hiperglicemia ou a hipoglicemia.

Os efeitos do álcool para o diabético, segundo Pedroza e Pimazoni-Netto (2021):

  • O excesso de álcool para portadores de diabetes tipo 1 pode gerar quedas glicêmicas perigosa e o consumo moderado gera o aumento da glicose no sangue;
  • O álcool estimula o apetite, que pode levar ao consumo demasiado e prejudicar o controle glicêmico;
  • Pode afetar no efeito da insulina e das medicações orais para o diabético;
  • Pode interferir no aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca;
  • Pode gerar rubor, náusea, fala desorganizada e alterar o senso crítico, essas alterações podem confundir ou disfarçar os sintomas de hipoglicemia. É importante, o diabético ter sua identificação e descrição de seu tipo de diabetes.

Uma das formas de identificar a Diabetes Mellitus, indicada pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Sociedade Brasileira de Diabetes é por meio do símbolo, o círculo azul, com a representatividade reconhecida pelas Nações Unidas e em diversos países. O círculo representa a união entre a vida e a saúde. A cor azul, simboliza o céu que une todos os países e as Nações Unidas (Diabetic Center, 2015)

Os pais dos adolescentes diabéticos precisam delegar o controle do tratamento ao filho e posicionarem ativos nas orientações, mas cada fase, os pais sentem o medo de perder o filho e não ter controle sobre a doença, além de vivenciarem o desgaste emocional (Sprovieri, 1998, Vargas et al, 2020).

Os familiares, os avós, os tios e os amigos precisam buscar compreender as limitações da doença na criança e no adolescente e a estimularem a seguir o tratamento, não cobrar excessivamente e não buscar ter o controle da doença. Ressalta, ao sistema de apoio, que acolha as angústias, os medos, a raiva e a insegurança da criança e do adolescente no decorrer do tratamento.

A criança e o adolescente ao longo do tratamento de Diabetes Mellitus passa por mudanças emocionais, sentimentos confusos desde aceitação à revolta, que acarretam a adesão quanto a falta de adesão ao tratamento, mas vale pontuar, ter Diabetes Mellitus não é fácil, viver em constantemente a falta de controle de seu corpo, da sua vida, tanto o diabético como seus pais e seus familiares lidam com as mudanças emocionais, por isso, busque orientação psicológica para a criança, o adolescente e para os pais, pois todos precisam de acolhimento e compreensão, devido suas inseguranças e seus medos, para que juntos colaborem no tratamento da doença.

Resumindo:


Necessidade em lidar com a Diabetes MellitusImpactos emocionais
Crianças Aprendizado em a administrar a insulina;  Reconhecer os sintomas da diabetes.  Adaptação a rotina do tratamentoMedo da exposição; Vergonha e medo de serem excluídos; Raiva por terem a doença; Questionar o porquê eles terem a doença; Tendência a ser controladores, ansiosos e reativos a situações de forma inesperada.
AdolescentesMudança do comportamento da doença e alteração; Necessidade de adaptação ao uso da insulina; Podem ocorrer negação ou uso insuficiente da insulinaSentimento de raiva, reações de estresse, impotência diante a doença, apreensão; Desesperança e questionamento sobre uso de insulina;  ✓Estresse e vulnerabilidade emocional
Pais Compreender a doença e seu tratamentoSusto, culpa, luto e buscar compreender como cuidar de seu filho.
FamiliaresCompreender a doença e seu tratamento, adaptar-se ao tratamento da diabetesDificuldade em compreender a doença; Estimular o tratamento ao diabético;
TratamentoTratamento com médico endocrinologista,  Acompanhamento com nutricionista: contribui para melhor escolha alimentar; Psicoterapia para lidar com aceitação, manejo e adaptação ao ser diabético ao longo da vida, para o diabético e pais 

Referências Bibliográficas:

Sociedade Brasileira de endocrinologia e metabologia (SBEM). O que é diabetes? Disponível em: https://www.endocrino.org.br/o-que-e-diabetes/. Acesso em: 21/06/2021

Malerbi, F.E.K; Rodrigues, G.M.B. O desenvolvimento da criança que apresenta diabetes da infância à adolescência. Sociedade Brasileira de Diabetes. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/publico/vivendo-com-diabetes/psicologia/2128-o-desenvolvimento-da-crianca-que-apresenta-diabetes-da-infancia-a-adolescencia .Acesso em: 10/06/2021 a

Malerbi, F.E.K; Rodrigues, G.M.B. aspectos psicológicos e adesão ao tratamento de Diabetes Mellitus. Sociedade Brasileira de Diabetes. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/publico/vivendo-com-diabetes/psicologia/2121-aspectos-psicologicos-e-adesao-ao-tratamento-de-diabetes-mellitus Acesso em: 10/6/2021 b

Vygoski. L.S. O desenvolvimento na infância. São Paul: Martins Fontes, 1998.

Papalia, DE; Feldaman, RD. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: AMGH, 2013, 12ºed.

Cruz, MSBJ; Santos Filho, EF; Araújo, JM. Teoria piagetiana: os processos cognitivos no pensamento lógico – matemático da criança. Revista Scientia, Salvador, v. 5, n. 2, p. 168-191, maio/ago. 2020 Disponível em: ttps://www.revistas.uneb.br/index.php/scientia. Acesso em 05/12/2020.

Antunes. C. Aspectos emocionais e diabetes. Disponivel em: https://www.anad.org.br/aspectos-emocionais-e-diabetes/. Acesso em 21/06/21

Assumpção Jr, F.B; Kuczynski, E. Adolescência: normal r patológica. In: Sprovieri, M.H. A família e o adolescente. São Paulo: Lemos, 1998.

Vargas, D. M. et al. Um olhar psicanalítico sobre crianças e adolescentes com diabetes Mellitus tipo 1 e seus familiares. Rev. Psicologia e Saúde, Campo Grande, v.12, n 1, p. 87-100, março 2020. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2177-093X2020000100007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21/06/201.

Pedroza, H. C; Pimazoni-Netto, A. Diabetes e álcool: cuidado com essa mistura perigosa. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/publico/diabetes-em-debate/1652-diabetes-e-alcool-cuidado-com-essa-mistura-perigosa. Acesso em: 23/6/2021

Diabetc Center. Dia Mundial do Diabetes: por que um círculo azul? Junho/2045. Disponível em: http://www.diabetescenter.com.br/portaldiabetes/dia-mundial-do-diabetes-por-que-um-circulo-azul/ .Acesso em 23/6/2021

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