Através da minha Graduação, mais especificamente nos estágios em um Hospital, pude ter contato a primeira vez com pacientes que chegavam ao Pronto Socorro com sintomas físicos cujos exames não apontavam nenhuma anormalidade física, no entanto a narrativa das histórias pessoais, eram coloridas e cheia de angustias.
Sabe aquelas situações rotineiras, em que você vai várias vezes ao pronto socorro por conta de alguma dor depois de um dia estressante? Ou aquela famosa dor de cabeça após uma reunião com seu chefe; briga com familiares; ou depois de entregar um relatório? Isso tem nome: Psicossomática.
Essas situações fazem pensar em alguns apontamentos e questionamentos: Como pode tamanha fragilidade emocional afetar o corpo de tal forma a criar sintomas orgânicos e mentais, correspondentes a uma patologia, onde nem mesmo a Medicina consegue explicar?
Neste contexto, o homem em desenvolvimento, tentou por diversas vezes, entender o processo do adoecimento físico, o que acabou possibilitando uma evolução destas concepções, dentre elas, procura-se identificar qual a importância de entender o adoecimento psíquico e orgânico ou melhor dizendo, da psicossomática.
Desde a antiguidade, a concepção de vida e morte já tinha uma importância para os sujeitos, e foi a partir destas concepções que houve a necessidades de uma atenção maior com relação aos cuidados com o corpo. Proporcionando assim, uma ampliação aos conhecimentos do homem, tanto com relação à visão de si mesmo, quanto com a relação do adoecer, sendo que, naquela época, o adoecimento era considerado pelos sujeitos como manifestações demoníacas (VOLICH, 2010).
As primeiras convicções a respeito da doença, ocorreram a partir dos cultos no século VI a.C., através de estudiosos pré-socráticos considerando que, as doenças eram fenômenos naturais e que o homem era o principal culpado por seu estado físico. Vários autores estudaram os princípios da doença, alguns questionavam que a doença era um fenômeno da natureza, outros sustentavam a hipótese de que poderia ter uma explicação mais óbvia, e outros, defendiam que a doença era resultado de humores alterados. A doença no primeiro instante era considerada e tratada por alguns estudiosos, apenas os sintomas em evidencias; desenvolviam substâncias que pudessem diminuir a sintomatologia dos pacientes, e pouco se importavam para os efeitos colaterais, muito menos existia a preocupação em descobrir de onde se originavam tais doenças.
Neste sentido, o homem não era constituído apenas por um corpo físico, mas também, composto por uma alma, despertando nos filósofos mais antigos, pensamentos de investigação, propondo assim uma criação de novas pesquisas dispostas a um entendimento acurado sobre as possibilidades das doenças. De acordo com Aristóteles, na Espanha, surge o autor Moisés ibn Maiomon, médico, e também filósofo, que acreditava em um equilíbrio entre o corpo e a alma, e a doença, se originava quando havia uma ruptura entre essas duas instâncias. Porém, ainda assim, com todos os avanços, a medicina era bastante criticada com relação aos métodos (VOLICH, 2010). Entretanto, Volich (2010) afirma que, Descartes propõe a pensar que o corpo e a alma também eram duas coisas que funcionavam independentes, onde o corpo funcionava de acordo com as suas necessidades, e a alma, tinha uma função indefinida, e impossível de ser localizada, a partir desses pensamentos ele propõe tratar a medicina sobre duas perspectivas, a primeira que estaria voltada para os processos físicos, e a segunda, voltada para os processos entre corpo e a consciência colocando em evidência, que os sentimentos, afetariam todo o contexto humano.
Surgindo então a Psicossomática tem como objetivo entender o que os sentimentos causariam no corpo. O termo que primeiramente apareceu foi à forma escrita Psico-somático onde, psico: representava psique, e somático: representava soma, a cerca de 100 anos atrás por um alemão e Psiquiatra Heinroth e William Motsloy, com o objetivo de alertar a influência dos fatores psicológicos em algumas doenças. A definição ainda é confusa e requer estudos mais aprofundados. O que se tem certeza é que sempre estão agregadas as queixas dos pacientes, fatores psicológicos juntamente com alguma área do corpo que está sendo afetada.
Tendo em vista que a sociedade atual é coberta, a cada dia mais, por imediatismo, ansiedades, onde, os sujeitos se veem em constantes cobranças de um perfeccionismo em todas as áreas, tanto profissional como pessoal, quando não conseguem uma perfeição dos seus objetivos, acabam tendo descargas afetivas, emocionais e físicas no próprio corpo, causando assim muitas vezes sintomas físicos. Os sintomas físicos muitas vezes, estão relacionados com a maneira com que os sujeitos vivenciam o seu próprio corpo, e as vezes, a doença para os indivíduos, tem uma significação muito além dos seus sintomas físicos.
Contudo, a psicologia entende os sintomas psicossomáticos como uma expressão de frustrações, angústias localizadas no corpo. Num primeiro momento, relaciona os sintomas físicos a algum sintoma emocional. Já em um segundo momento, esses sintomas são relacionados aos fatores externos que os pacientes desconheciam. Por último, propõe-se que é impossível ter uma concepção dos sintomas físicos, sem conhecer as procedências de tais sintomas, considerando que um corpo necessita de tratamento, como também, de um significado para seu adoecimento frente a sua subjetividade.
Neste caso, a psicoterapia individual, possibilitara um maior entendimento dos sintomas emocionais e físicos para aqueles pacientes que se dispõem a relacionar os seus sintomas ao estado emocional, sendo de fundamental importância para entender os sintomas, e através dela, surgem possibilidades os sujeitos identificarem as causas dos seus sintomas corporais, e a partir desse entendimento compreender os processos psíquicos que até então eram desconhecidos passam a serem reconhecidos.
Psicóloga Clínica atua na abordagem psicanalítica com crianças, adolescentes e adultos. Juliana é especialista em Neuropsicologia com formação em Reabilitação Cognitiva pela USP. Trabalha com atendimentos e orientação aos pais.
Atua no Espaço Camila Ferreira com atendimentos na unidade de Bragança Paulista e realizando avaliações nas duas unidades.