Perder um ente querido traz inúmeras reações emocionais aos adultos, sofremos com perda e buscamos apoio em familiares, amigos e profissionais da saúde mental. Como falamos as crianças sobre a perda, quando nós mesmo não conseguimos abordar o assunto.
Sabemos como a criança entende o luto? Há diferenças como lida conforme sua idade? O que devemos falar a ela? Ao perder um ente querido entramos em contato com sentimentos que nos trazem angustia, na tentativa de amenizar nosso sofrimento ou incompreensão sobre ele pode manifestar diversos mecanismos de defesa, assim como as crianças também podem e sofrem.
Vamos falar um pouco sobre como lidarmos com o luto para as crianças.
Como as crianças reagem à morte ?
A criança, no seu conflito inicial, torna-se envolvido numa constante de negação e confronto, que após algum tempo é restabelecida. Pode, então, ser novamente capaz de se adaptar ao seu ambiente natural. As manifestações de pesar normal podem ocorrer imediatamente após a perda ou passado algum tempo.
Os mais comuns são:
Possíveis indicadores de luto inadequado na criança
RECOMENDAÇÕES sobre o luto infantil
Existem várias alternativas que podem ser fornecidas a uma criança durante o processo de luto.
3. Reorganização do ambiente
O luto pela perda de um ente querido é um processo abstrato e complexo e por isso a forma de o abordar e compreender depende de vários aspectos importantes, tais como a idade da criança, o nível de desenvolvimento evolutivo e os fatores emocionais que estão envolvidos.
Quando a morte de um ente querido ocorre, os adultos acreditam que as crianças não choram. Ao acreditarmos nisso estamos a agir de forma errada. Evitar por todos os meios que as crianças assistam, vejam ou ouçam os eventos tal como eles sucedem, na expectativa de os proteger desse sofrimento, não é uma prática correta.
A forma como as crianças percebem a morte
As crianças têm seu próprio conceito de morte. Cada criança vê a morte de acordo com sua idade, com a sua formação intelectual, contexto escolar e familiar. Tal como noutros processos de desenvolvimento, as crianças têm um ritmo individual. É importante perceber que todas as crianças experimentam uma vida única e que têm a sua própria maneira de expressar e controlar seus sentimentos.
Para as crianças de 3-4 anos a morte é temporária e reversível não estando ainda o conceito definido. Esta ideia é reforçada por verem personagens de desenhos animados que “morrem” e “renascem”, sendo esta ideia característica do pensamento mágico desta idade. voltar. É, portanto, necessário entender quando nos questionam uma e outra vez se a pessoa (falecida) vai voltar.
Na sua mente, a pessoa que morreu ainda está a comer, a respirar, ou vai acordar a qualquer momento para voltar a uma vida plena.
O luto é o processo de adaptação que restaura o equilíbrio pessoal e familiar rompido com a morte de um ente querido.
As crianças dessa idade levam as coisas de forma muito literal. É melhor dizer que ele está morto, eles usam palavras como “desaparecido”, “perdemos” (pode pensar: o que se eu ficar perdido e não voltar para casa), “Desaparecido”, “está adormecido para sempre ” (podem ter medo de não ser capaz de acordar),” foi de Viagem “,” Deus tomou-o “… Este género de expressões pode alimentar o medo de morrer ou de ser abandonado, e criar mais ansiedade e confusão. Para ajudar as crianças a compreender o que é a morte, é útil referir-se aos vários momentos da vida quotidiana, onde a morte está presente: na natureza da morte, animal de estimação, etc
Nesta fase, a criança expressa a sua percepção da morte através de reacções como choro constante. Pode tornar-se irritadiço, perder o apetite, ter dificuldades em adormecer ou ter um sono de pior qualidade por manter, constantemente, a busca (ou espera) por essa pessoa
Entre as idades de 5 e 9 anos, a maioria das crianças começam a perceber que a morte é definitiva e que todas as coisas vivas morrem, Mas continuam a pensar que as pessoas que as rodeiam, as mais próximas, os seus entes, nunca morrerão.
Depois de 9 anos, as crianças pensam como os adultos, que morrer é natural, físico, universal e irreversível que todos os homens morrem e eles próprios vão morrer um dia. No entanto ainda não estão plenamente conscientes da verdadeira realidade.
Deve-se permitir, a partir dos 9 anos que a criança assista a parte dos rituais funerários. Deve-se permitir que a criança assista e participe no velório, funeral ou enterro. Participar nestes eventos pode ajudar a compreender o que é a morte e começar melhor o processo de luto. Se possível, é aconselhável que antecipe o que vai ver e ouvir e explicar a razão desses rituais. Se a criança não quiser ver o corpo ou participar de qualquer acto, não se deve forçar ou fazê-lo sentir-se culpado por não fazer.
Quando e como dar a notícia.
Embora a tarefa seja muito dolorosa e difícil o mais adequado é fazê-lo o mais rápido possível. Após a primeira hora de maior drama e confusão, procure um tempo adequado e um local apropriado para explicar o que aconteceu de forma simples e sincera. Por exemplo, podemos dizer: “Tenho uma coisa muito triste para te dizer: o avô estava muito doente e morreu. Por isso já não vai estar mais conosco.”
Explicar como ocorreu a morte. Deve esforçar-se por fazê-lo com poucas palavras. Por exemplo: Se for um acidente, podemos dizer que ficou muito, muito, muito gravemente ferido, e que os médicos e os enfermeiros fizeram o seu melhor para “consertar” o corpo, mas que às vezes o ferimento é tão grave que os medicamentos não podem curar.
O que podemos dizer se perguntar por quê? Por que está morto? Por que eu? Estas são perguntas difíceis de responder. É certo dizer que nós também fazemos as mesmas perguntas, ou simplesmente que não sabemos a resposta. É bom saber que todos os homens devem morrer e que um dia nos acontece a todos. As crianças com mais tendência para a fantasia podem atribuir a qualquer coisa do falecido (disse ou deixou) que tenha causado a sua morte. Se uma criança diz: “Eu queria ser mais agradável para a mãe, para que ela não tivesse morrido”, dizemos com calma, mas com firmeza que não era culpa dele.
Se os pais ou pai sobrevivente é muito envolvido em atender às necessidades da criança, você pode querer outra pessoa (parente ou amigo da família) para ajudar. É preferível ter alguém próximo à criança, que a permita expressar as suas emoções e que a permita sentir-se confortável, respondendo a perguntas.
Tradução Ordem Dos Psicólogos Portugueses
© Arbulo, B., García, C., Rodríguez, R. // Fdez. Márquez, L
http://www.psicofundacion.es/uploads/images/Gallery/ripe/Tríptico%20luto%20em%20crianças.pdf
Psicóloga, mestre em ciência da saúde pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Especialista em Psicologia hospitalar e em psicologia Clínica Winnicottiana. Atende crianças, adolescente e adultos. Atualmente esta fazendo somente atendimentos on-line pelo Espaço Camila Ferreira.