Falar de morte é um assunto que desagrada a maioria das pessoas, mas a forma como vivemos o processo de luto depende de como encaramos a morte.
Na idade média, a morte era encarada como algo comum, como parte da vida e tratada como evento público e social. Os mortos eram velados em casa.
Um pouco adiante, na época da Revolução Industrial, a Medicina diz que o corpo do defunto é tóxico, os cemitérios passam a ser cada vez mais longe dos centros das cidades e o morto passa a ser compreendido como sujo. A morte é vista como fracasso, que deve ser oculta, combatida e deixa de acontecer nas casas para acontecer nos leitos de hospitais.
Na década de 90 surge o conceito de morte humanizada, que não deve ser confundido com cuidados paliativos. O mais importante passa a ser o paciente e integra a morte como parte da vida. Os cuidados paliativos não implicam a morte necessariamente. Busca melhorar a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares, no enfrentamento de doenças que envolvem risco de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento.
A morte escancarada é aquela que chega quando o indivíduo não quer, costuma ser violenta e reforça a dificuldade de lidar com o luto. Por exemplo, ver no telejornal que um ente muito querido morreu num tiroteio quando saía do trabalho.
As perdas fazem parte da nossa existência e do ciclo vital. Pode ser concreta ou simbólica, resultam em privação e mudança, e tem que ter um fim adaptativo. Existem as perdas por morte, pelo fim de relacionamentos, da imagem e função corporal, por aposentadoria, de bens materiais, de papéis ou ocupação, lar ou território, planos e expectativas de futuro e as normativas.
O luto é um processo, não um estado. É um processo particular, não tem outro igual. Os sintomas do luto são normais e esperados, e dentro de 6 meses a 1 ano é esperado que comece a melhorar.
Os rituais fúnebres são importantes dentro de cada cultura, porque tem função emocional: marca a perda de um membro da família, ajuda a dar sentido à perda, facilita a expressão do sofrimento, contribuindo para a elaboração do processo de luto de forma adequada. A ausência de rituais fúnebres pode ser ruim porque a mudança não é demarcada e não há espaço para a expressão do sofrimento.
O luto complicado é quando os sintomas não mostram sinais de evolução/melhora ao longo do tempo e tem relação com as vivências anteriores de perda, como era a relação do enlutado com o morto, se o enlutado tem espaço para a expressão de seus sentimentos. Nesses casos é importante buscar ajuda de um profissional.
Formada em Gestão de Recursos Humanos e em Psicologia, especialista em Saúde Mental, atua atendendo adultos na abordagem psicanalítica. Realiza atendimentos on-line e presencial.
No Espaço Camila Ferreira vem atendendo nas duas unidades (Atibaia e Bragança Paulista).