Era uma vez…

Qual é a sua relação com o universo dos contos de fadas?

Sabemos que as fabulas não garantem a felicidade nem o sucesso na vida, mas auxiliam no desenvolvimento cognitivo e emocional, pois são utilizadas como exemplos que ilustram diferentes formas de pensar e encarar a realidade, e quanto mais variadas forem as situações que elas contam, mais se ampliará a gama de resoluções possíveis para os problemas que nos afligem. Com essas ferramentas podemos também criar, construir e transformar os objetos e os lugares, possibilitando uma mente emocionalmente flexível e capaz de reagir adequadamente a situações difíceis.

Os contos de fadas trazem elementos para cena, se a criança vai usá-los para um fim regressivo ou como auxílio em um momento do crescimento, isso vai depender do seu cotidiano, pois sozinhas, as histórias não induzem à violência, não fazem apelos regressivos que as retenham na infância, não produzem isolamento social, não as desligam da realidade e somente mobilizam algo que elas já têm em seu interior.

A ficção infantil supre os indivíduos de algo que não se encontra facilmente em outros lugares: todos precisam de fantasia, não é possível viver sem escape, para suportar o fardo da vida comum, é preciso sonhar. Mas não se deve confundir a oferta da fantasia, que fornece tramas que alimentam devaneios e brincadeiras, com uma educação alienante que confunde a criança com futilidades, desmerecem a curiosidade das crianças e pinta o mundo com tons pastéis.

A história da realidade dos homens nunca foi fácil de aceitar e de contar. A violência, a ignorância e a injustiça se sobressaem e triunfam com maior frequência de que gostaríamos de admitir. Pelo menos, a nossa capacidade de criar, de contar histórias, parece ter encontrado formas de sobreviver e questionar. Afinal, doses de otimismo são possíveis, pois, embora a fantasia não tenha o poder de salvar o mundo, como tantos heróis contemporâneos tenham tentado, ela pelo menos o enriquece.

A intenção deste texto foi oferecer a você pai, adulto, o porquê de alguns contos e histórias infantis disputam espaços em suas memórias com fatos ditos e imagens de seu passado e enfatizar a importância da fantasia como parte imprescindível na vida das crianças.

Camila Perecin

Psicóloga com formação em Psicologia Positiva, faz atendimentos individuais e em grupos com crianças e orientação aos pais. Atende adolescentes e adultos na abordagem Cognitiva Comportamental.
No Espaço Camila Ferreira atende na unidade de Atibaia.