Desde o início da pandemia do COVID 19, e apesar de poucos estudos a respeito dos impactos psicológicos no atual contexto, tem chamado a minha atenção para o aumento nos atendimentos em clinica de crianças encaminhadas com hipótese diagnostica relacionadas a crises de pânico, sintomas ansiosos, desenvolvimento de medos exacerbados e alguns casos com sintomas depressivos associados ao isolamento social.
Em um estudo uma reflexão realizada por Maria Linhares e Sônia Enumo, a respeito das contribuições da psicologia sobre a pandemia foi possível verificar apontamentos a respeito do atual momento.
Tomando como base esse estudo, foi possível entender que o desenvolvimento humano ocorre em diferentes contextos interligados, dependendo das relações diretas (sujeito-sujeito), das relações grupais, quanto das relações indiretas.
Falando especificamente das relações diretas, e tendo como exemplo as figuras parentais, que são figuras de referência para o desenvolvimento infantil. Eles são de fundamentais importância para o desenvolvimento saudável na qual atuam como modelo para as crianças lidarem com eventos estressores futuros.
Neste momento, as medidas adotadas para o combate das transmissões do COVID 19, é o distanciamento social, ou seja, o confinamento doméstico que em muitas famílias trouxeram vários desafios, acompanhado do medo da morte, assunto este, que passa a ser discutido quase que o tempo todo, gerando muitas vezes nas crianças ali expostas, uma hipervigilância, deixando o ambiente familiar contaminado por incertezas do que pode vir acontecer no futuro. Por isto, é de extrema importância, que nestes momentos, as famílias possam fortalecer os recursos pessoais para não perderem as referências externas.
Neste caso, além das medidas tomadas para o fortalecimento da saúde no contexto orgânico, faz-se necessário medidas para o enfrentamento das adversidades, no sentido de fortalecer a autonomia e o senso de competência. Medidas simples de antes da pandemia, como por exemplo organização de rotina, cumprimento de horários e regras, frequência na rotina escolar, comprimentos de tarefas domésticas, evitar excesso de exposição a notícias negativas, manter comunicação positiva com a criança, está atento aos comentários e expressões, compreensão de que as crianças podem desenvolver alterações funcionais como por exemplo, alterações no sono, alimentação, bem como alterações comportamentais ou até mesmo regressão já ajudam a diminuir o caos muitas vezes instalados no ambiente familiar.
Contudo, ainda faz-se necessário estudos a respeito de tal temática, e dos impactos psicológicos a longo prazo, por se tratar de um assunto novo, ainda há poucas informações sobre.
Referência Bibliográfica:
LINHARES, Maria Beatriz Martins; ENUMO, Sônia Regina Fiorim. Reflexões baseadas na Psicologia sobre efeitos da pandemia COVID-19 no desenvolvimento infantil. Estud. psicol. (Campinas) vol.37 Campinas 2020 Epub June 05, 2020. Acessado em: 01 de abril de 2021. Disponível: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2020000100510
Psicóloga Clínica atua na abordagem psicanalítica com crianças, adolescentes e adultos. Juliana é especialista em Neuropsicologia com formação em Reabilitação Cognitiva pela USP. Trabalha com atendimentos e orientação aos pais.
Atua no Espaço Camila Ferreira com atendimentos na unidade de Bragança Paulista e realizando avaliações nas duas unidades.