Ouvimos com frequência o termo ‘’relações abusivas’’. Mas será que temos compreensão sobre o que realmente caracteriza uma relação como abusiva?
Relações acontecem o tempo todo, pois somos seres sociais, estamos em constantes interações com as pessoas, mas, às vezes, essas relações podem se perder. O abuso tem como base o excesso de poder, envolve toxicidade (já que pode ocorrer adoecimento), há um prazer em diminuir o outro, necessidade de se mostrar superior e, essa necessidade nos revela uma insegurança gigante.
É mais ‘’comum’’ constatar a presença de abuso em relações amorosas, entretanto, vai muito além disso. Todos os ambientes estão suscetíveis à toxicidade, desde as relações afetivas, como as de amizade, organizacional, familiar. É fundamental que saibamos disso, mas hoje, vamos explorar um pouco sobre essa situação presente nos namoros e casamentos.
Muitos casais adoecem pelo fato de estabelecerem relações abusivas, há sempre um abusador (a) e uma vítima, em que um exerce certo poder sobre o outro, assim como há sempre o que permite esse tipo de situação. Como já falado, a pessoa que desempenha este papel de quem abusa, tende a ser alguém inseguro, ciumento ou até possessivo, que invade a privacidade do parceiro, possui constantes desconfianças, faz ameaças, falta com respeito, se mostra irritadiço, faz pressão sexual, agressões físicas, entre outras características. Ao passo que, àquele que desempenha o papel de abusado ou vítima, tende a ser uma pessoa que se submete, que permite, que nutre isso no outro, estabelecendo assim, uma relação possessiva-submissa. É interessante refletir que, casais que de uma forma geral apresentam muita diferença, muita distância de ideias e ideais, com objetivos divergentes, acabam desenvolvendo relacionamentos violentos.
A questão é: o que fazer quando se percebe neste tipo de relacionamento?
Bom, é importante olhar para como você se sente, o que deseja…É possível reconstruir uma relação que parece ter se perdido? Talvez, mas, para que isso aconteça, é fundamental que o casal esteja aberto a buscar ajuda, olharem para seu mundo interior. É possível buscar o processo de psicoterapia, em que cada um olhará para si e buscará se autoconhecer, assim como podem buscar uma terapia de casal, uma escolha muito sadia para o relacionamento, em que a profissional poderá olhar para a dinâmica estabelecida e trabalhar com o casal, fazendo pontuações, mostrando o que talvez o casal não dá conta de enxergar. E, lembrando que a profissional atuará como mediadora, não tomando partido de ninguém.
Portanto, é preciso lembrar que relações são permeadas pela subjetividade, cada indivíduo possui sua história, sua personalidade, suas experiências, suas dores e que quando estamos em contato com o outro, afetamos e somos afetados. Vale lembrar que somos seres dinâmicos, e se desejamos, podemos fazer diferente, ressignificar, e nos colocar à vida, talvez, uma das coisas mais importantes então, é olhar para o que desejamos.
Psicóloga e Psicanalista, atende adolescentes, adultos e idosos. Especializada em atendimentos familiares e de casais.
No Espaço Camila Ferreira atende nas duas unidades (Atibaia e Bragança Paulista).