Atualmente na minha vivencia clinica, tenho observado um aumento nos diagnósticos de crianças com TOD (Transtorno Opositor Desafiador) tanto por profissionais da saúde, escola e pais que diante da angustia em não saber lidar com crianças que não atendem às solicitações, não cumprem as regras e respondem com agressividade, os classificam com esta patologia.
Sendo assim, considerei importante definir tal transtorno, especificando sua conceituação, diagnóstico, tratamentos e manejos.
Segundo o DSM-5 – Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição, classifica o TOD como um transtorno disruptivo, caracterizado por um padrão global de desobediência, desafio e comportamento hostil em todos os contextos que transita. Os pacientes discutem excessivamente com adultos, não aceitam responsabilidade por sua má conduta, incomodam deliberadamente os demais, possuem dificuldade em aceitar regras e perdem facilmente o controle se as coisas não seguem a forma que eles desejam e pode estar associado a outros transtornos como TDAH e Transtorno Bipolar.
Tal condição leva a criança a severas dificuldades de tempo e de avaliação da situação diante de regras e opiniões contrarias a sua assim ela apresenta intolerância às frustrações, levando a reações agressivas, intempestivas, sem diplomacia ou controle emocional. Essas crianças costumam ser discriminadas, perdem oportunidades e desfazem amizades. Não raramente, sofrem bullying e são retiradas de eventos sociais e de programações da escola por causa de seu comportamento hostil. Os pais evitam sair ou passear com elas e muitas vezes as deixam com parentes ou em casa. Entre os irmãos, são preteridos, mal falados e considerados como “ovelhas negras” tratados, assim, diferentes e mais criticados pelos pais.
Tais sintomas costumam a se manifestar entre 6 e 12 anos de idade e o ambiente familiar costuma ser conturbado, com pais divergentes quanto ao modo de educar e conduzir o filho e de como estabelecer padrões de comportamentos , mas evidências mostram que existem fatores genéticos e neurofisiológicos predispondo o seu desenvolvimento.
O tratamento para crianças que apresentam este Transtorno é multidisciplinar: medicação, psicoterapia comportamental e suporte escolar. A medicação auxilia em boa parte dos pacientes e melhora a auto-regulação de humor diante das frustrações; a psicoterapia auxilia a criança para o desenvolvimento do autocontrole emocional e orientação familiar com medidas de manejo (dar bons exemplos, dialogar com a criança, ter paciência ao falar, explicar o motivo das ordens dadas, etc.); e, em relação ao suporte escolar, deve-se oferecer apoio, reforço e abertura para um bom diálogo, pois esta abertura melhora o engajamento do aluno opositor às regras escolares e a se distanciar de maus elementos.
Para o diagnóstico de TOD, é necessário a criança ser encaminhada para uma avaliação profissional em neuropediatria, psiquiatria infantil e psicologia, pois estamos falando de uma doença psiquiátrica e pode evoluir para outras patologias como o Transtorno de Conduta na fase de adolescência e até mesmo para a delinquência.
Psicóloga com formação em Psicologia Positiva, faz atendimentos individuais e em grupos com crianças e orientação aos pais. Atende adolescentes e adultos na abordagem Cognitiva Comportamental.
No Espaço Camila Ferreira atende na unidade de Atibaia.