Síndrome de Burnout e o desafio do diagnóstico

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De origem inglesa, a palavra burnout pode ser traduzida como “queimar-se por completo”. O termo foi criado pelo psicanalista alemão Herbert Freudenberger (1926-1999) em 1974. De acordo com a OMS (por meio da CID-11), “burnout é uma síndrome conceituada como resultante do stress crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. Caracteriza-se por três dimensões: sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia; aumento do distanciamento mental do próprio trabalho ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao próprio trabalho; e redução da eficácia profissional.”

Essa definição já aparecia na CID-10, ou seja, a OMS já tratava com bastante atenção e importância a síndrome de burnout. O que está mudando em relação à síndrome de burnout da CID-10 para a CID-11 é a inclusão de uma definição mais precisa e o deslocamento da síndrome do capítulo 21 da CID-10 (sob o código Z73) para o capítulo 24 da CID-11 (agora sob o código QD85), que passa a agrupar os “fatores que influenciam o estado de saúde ou o contato com serviços de saúde“. Aqui estão exatamente aqueles quadros que, embora não possam ser classificados como doença, necessitam de tratamento e cuidado por terem o potencial de incapacitar e gerar sofrimento para as pessoas.

Aproximadamente um terço dos trabalhadores formais brasileiros sofrem com a síndrome e como a mesma não exige notificação compulsória, o Ministério da Saúdenão consegue mensurar quantos brasileiros a encaram hoje.

Os especialistas admitem que detectar a síndrome de burnout pode ser mais complexo do que parece, já que não existem exames de sangue e de imagem ou testes de resistência física para flagrá-la. O diagnóstico vem de uma escuta atenta do paciente e de uma avaliação minuciosa de suas condições de trabalho. Isso é determinante para não confundi-la com outras desordens mentais.

Pensando a importância epidemiológica e o estabelecimento de guias de conduta, burnout tem status equivalente ao de doença, podendo inclusive determinar o afastamento do trabalho por atestado médico. Mas há aqui um problema de terminologia. Burnout na verdade é uma síndrome e não uma doença. Para que uma condição seja classificada como doença, é necessário que três critérios sejam satisfeitos: identificação inequívoca da causa, sintomatologia específica e identificação de alterações específicas no organismo. A ausência de qualquer um desses três critérios automaticamente impossibilita a inclusão de uma condição de saúde no rol de doenças oficiais, o que não significa que aquela condição não mereça atenção e cuidados.

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