TEA – Transtorno do Espectro Autista

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Vamos falar sobre o TEA (Transtorno do Espectro do Autismo). Tenho observado uma crescente procura para atendimento psicológico crianças, adolescentes ou adultos com TEA. Esse aumento de demanda está ligado a vários fatores, porém, proponho neste texto discutir a respeito da epidemiologia do TEA, sua história até os dias de hoje. Você sabe o que é o TEA?

Em uma pesquisa realizado por Posar e Visconti (2016, p. 112) na Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (PubMed) sobre as mais recentes descobertas relevantes sobre as possíveis causas do Transtorno do Espectro do Autismo, foi possível contatar um aumento da prevalência dos diagnósticos onde afirmam: “Estudos epidemiológicos mostraram, nas últimas décadas, um aumento drástico na prevalência de TEAs, que, nos últimos anos, atingiram 1-2% das crianças”.

Estudos realizados no Brasil, em Santa Catarina e no interior de São Paulo, na cidade de Atibaia, por Rossi et al (2018, p. 3319 ) foi possível contatar a estimativa da prevalência de pessoas com TEA. Em Santa Cataria, a prevalência neste estudo era de 1,31 autistas a cada 10.000 pessoas e em Atibaia, foi realizada uma pesquisa com 1.470 pessoas, onde foi possível constatar uma prevalência de 0,88 % de casos.

Falando sobre a história do TEA, antes mesmo de se utilizar a termologia da palavra Autismo, ele era denominado pelos estudiosos da época como um dos principais sintomas da esquizofrenia, e a partir de 1911, que houver a primeira descrição dos sintomas através dos estudos do psiquiatra Eugen Bleuer (Dias, 2015, p. 308).

Segundo Dias (2015) dois principais autores foram responsáveis por publicaram estudos sobre as características e sintomas autísticos, Johann Hans Friedrich Asperger e o psiquiatra Leo Kanner. Segundo esse mesmo autor citado acima, Kanner afirmava que os sintomas autísticos já eram possíveis de ser identificado precocemente em crianças. Através de seus estudos sobre a psicose infantil, Kanner focado no diagnóstico precoce, apresentou a primeira classificação do autismo infantil, onde descrevia características que se diferenciava dos esquizofrênicos de crianças com dificuldades contato afetivo-social já nos primeiros anos de vida.

Na mesma época, segundo Dias (2015) Hans Asperger, publicou estudos sobre a Psicopatia Autística Infantil, onde fez menção de estudos com crianças com as mesmas dificuldades de interação social, porém, que mantinham inteligência e linguagem preservadas, e os sintomas só eram possíveis de serem identificados após o terceiro ano. Ele acreditava que embora todas as dificuldades apresentadas pelas crianças, através da estimulação psicoeducacional seriam adultos bem-sucedidos.

Segundo Dias (2015) somente após a publicação desses dois autores que surge a autora Lorna Wing, que em 1991, foi responsável por publicar estudos onde unificou as teorias de Kanner e Asperger, afirmando que, os dois autores falavam a respeito da mesma anormalidade, onde a partir de suas publicações, o autismo passa a ser conhecido. Ela foi uma das responsáveis por dissipar a nomenclatura do autismo e a falar a respeito do espectro. Segundo Dias (2015, p. 309-310).

Ao decorrerdesse processo, foi possível identificar também mudanças no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, onde na primeira  segunda edição do livro inseria o autismo como esquizofrenia de início na infância; na terceira edição também houve uma nova mudança onde, englobava o autismo, como distúrbios invasivos do desenvolvimento; na quarta edição houve novas alterações onde o autismo foi considerado como distúrbio global do desenvolvimento; e nos dias atuais, na quinta edição, o autismo é considerado e inserido nos Transtornos do Neurodesenvolvimento (Dias, 2015).

 Segundo Manual Diagnóstico dos Transtornos Mentais DSM V, o transtorno do espectro autista, tem início no período de desenvolvimento onde há prejuízos em todas as áreas (social, pessoal, adâmica e profissional) e é caracterizado por déficits na comunicação e interação social, tanto na comunicação receptivas quanto expressivas em vários contextos; presença de comportamentos repetitivos e restritos (DSM-V, 2014).

Por fim, neste caso, pensando em como se dá o diagnóstico, apesar das classificações terem como base os manuais diagnósticos (DSM e CID), devido as alterações significativas no decorrer do processo a respeito da classificação do Transtorno do Espectro Autismo, e por não haver um marcador biológico definido, nos dias de hoje, em virtude da atual classificação, o diagnóstico passa a ter um caráter dimensional abrangendo um maior números de indivíduos, desde casos mais leves e casos mais graves, onde o olhar clinico também passa a ter maior importância para definição do diagnóstico (Bosa; Teixeira; Orgs, 2017. p. 9).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DIAS, Sandra. Asperger e sua síndrome em 1944 e na atualidade. Rev. Latinoam. Psicopat. Fund.,São Paulo, 18(2), 307-313, jun. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlpf/v18n2/1415-4714-rlpf-18-2-0307.pdf> Acessado em: 19 novembro de 2018.
BOSA, Cleonice Alves; TEXEIRA, Maria Cristina T. V.; ORGS. Autismo: Avaliação psicológica e neuropsicológica: Conceituação do Espectro do Autista: definição e epidemiologia. São Paulo: Hogrefe; 2017. p. 9.
BOSA, Cleonice Alves; TEXEIRA, Maria Cristina T. V.; ORGS. Autismo: Avaliação psicológica e neuropsicológica: Funções neuropsicológicas em crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista. São Paulo: Hogrefe; 2017. p. 166.
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais:DSM-5. Tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento. Porto Alegre: Artmed; 2014. 5ed. p. 50-51.
Rossi, Lívia Peluso; LOVISI, Giovanni Marcos; ABELHA, Lucia; GOMIDE, Marcia. Caminhos Virtuais e Autismo: acesso aos serviços de saúde na perspectiva da Análise de Redes Sociais. Ciênc. saúde coletiva. vol.23 no.10 Rio de Janeiro out. 2018. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232018001003319&lng=pt&tlng=pt>. Acessado em: 26 de novembro de 2018.
POSAR, Annio; VISCONTI, Paola. Autism in 2016: the need for answers. J Pediatr. Rio de Janeiro. 2017. p.111-119. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jped/v93n2/pt_0021-7557-jped-93-02-0111.pdf>. Acessado em: 26 de novembro de 2018.

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